quarta-feira, 16 de março de 2011

O destino amarra novamente o laço


Olhos atentaram-se nervosos
Mãos mexiam-se trêmulas
Corpo parou extasiado
Demasiado momento do destino
Personagem infame em sua visão

Encarava-o com olhar perfurante
Mágoa ardia feroz no peito
Saudade doía gritante do outro lado
Que queria abraçar desesperadamente
Pernas corriam mesmo paradas no êxtase.

O homem parado reagia estranho
Não falava e nem se movimentava
Encarava com olhos de piedade
O passado revirava-se em ambos
Borboletas sólidas gritavam no estômago.

Olhares ininterruptos subjugavam-se
Subjetividade alheia a pertencia impetuosa
Não se escolhe o amor imensurável
Mas se conquista a confiança indispensável
Tal qual foi ferida, despedaçada.

Deu passos lentos em direção ao iníquo
Presença forte em seu passado juvenil
Expressão frágil e desesperada à sua frente
Via-se presa no abismo da escolha
Estendes a mão oferecendo o perdão
Ou o merecido retorno do abandono?

Mãos cálidas mexiam-se velozes
Cabeça baixa, ele encarava aquele chão
Ouvia os passos chegarem perto
Na velha face uma lágrima de solidão
Sabia que as palavras poderiam surgir ácidas.

Ela aproximou-se silenciosa e quieta
Como brisa suave em folhas já secas
Expressão sólida de mãos suaves sobre rugas
Disse carente pelos lábios de emoção:
Papai o senhor desmanchou a confiança
Mas hoje te dou o meu perdão.

-Pauta para o Bloínquês-30ª Edição Poemas.

10 comentários:

  1. Lindo!
    Gostei muito do blog.
    Voltarei sempre! ;)

    Um beijo.

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  2. As palavras foram muito sedutoras. As rimas ficaram lindas; como sempre você manda bem nos poemas - são tão clássicos. Na verdade, tem um ritmo elegante - parece uma música. Gostei muito do tema que,aliás, você abordou muito bem. Quem ama perdoa :D
    Estava sentindo saudades daqui,Jay. Desculpa minha ausência, mas realmente não deu para passar por aqui esses dias, minha vida está o maior tititi - sim, essa novela vicia (rs').
    Mas, ainda assim, agradeço suas visitas. Bom, deixo claro que sua presença é sempre muito importante - ou devo dizer suas palavras - aliás, só o fato de ter uma linda flor em meu jardim já é o bastante para alegrar todas as outras.

    Bom fim de semana!

    Beijos.
    Com amor,
    |Cynthia|

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  3. ADOREI o poema. Adoro esse tipo de texto, acho tão foofo!
    Ah, e estão abertas as inscrições para a equipe do blog, confira!

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  4. Ah Jay, eu a entendo perfeitamente. Ando um pouco ausente por aqui também, mas não faço por mal, é culpa da faculdade e do inglês. Ainda assim virei sempre que puder, porque você sabe que a sua escrita me encanta, e ficar sem ela não dá.
    Ah, e esse poema... Tão bonito é o perdão, e tão bonita foi a forma com a qual você o expôs. Não é novidade, as suas palavras envolvem e conquistam o leitor sem muita dificuldade.

    Beijo grande.

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  5. Oi Jaynne minha amiga!
    Nossa! Vocabulário diferenciado, rico, final maravilhoso: "Papai o senhor desmanchou a confiança, mas hoje te dou o meu perdão."
    Poema muito bom, fluente, coeso, lindo!
    Um abração amiga,
    obrigada pela presença lá na "dona Xerfie" rsrsrsrs

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  6. Me emocionou. Teu poema deixa um misto de poesia com um desfecho que pega de surpresa e acaba mexendo com os sentimentos (o meu, em especial, por identificação). Gostei muito mesmo.
    E tô adorando conhecer teus textos!

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  7. Emocionante e lindo. Suas palavras são doces e comovem qualquer um.
    "Papai o senhor desmanchou a confiança, mas hoje te dou o meu perdão." < perfeito u.u

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  8. O PERDÃO É A MAIOR DEMOSNTRAÇÃO DE HUMANIDADE E AMOR AO PRÓXIMO, ISSO SEM DAR A VIDA, QUE É O ATO SUPREMO! O PERDÃO É A CHANCE NOVA QUE O PAI NOS DÁ DE RECOMEÇAR, REFAZER E CRESCER..... BJS POÉTICOS A TÍ, MUSA INSPIRADORA....

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