segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sangrando;




Estou sangrando novamente. Dessa vez o sangue escorre de meus braços, eu havia cortado meus pulsos na tentativa de morrer outra vez, aquele líquido vermelho e tão familiar descia vagarosamente por uma grama escura. Mas uma tentativa falha, eu já sabia. Sabia que eu não iria me livrar de meus medos tão fácil assim. Abri meus olhos e espiei em volta. Onde eu estava? Não me lembro, só consigo ver aonde cheguei agora.
Uma floresta escura, a mesma de sempre. Sozinha eu andava como um ladrão à noite. Eu só queria me roubar de volta, só isso. Mas o labirinto ao qual eu havia me jogado era sem saída, e mesmo assim eu fui, porque aquela era minha última alternativa pra fugir, me esconder.
Já não consigo mais chorar, ás lágrimas secaram dentro de mim, no lugar em que fiquei. Aqui onde estou agora, fico impossibilitada de sofrer as dores impregnadas dentro de meu coração que eu luto para costurar. Tento saturar-me de volta a mim. As únicas dores que aqui sinto, são as carnais, onde ajo com masoquismo ao meu próprio corpo. Porque sei que onde fiquei eu não teria coragem de me fazer sangrar por fora. Onde eu fiquei o sangue só me invade a alma.
Vejo um vulto entre as enormes árvores a minha frente. Levanto-me, e começo a andar á procura de quem anda sem minha permissão no vale das sombras. Depois de andar atrás desse vulto feito louca, ele parecia ter parado um pouco mais distante na minha frente. Fiquei Parada por alguns segundos, só olhando. Depois comecei a andar lentamente.
Não podia ser. Isso nunca tinha acontecido antes. Ele apareceu na minha floresta sombria, não devia estar aqui. Nesse lugar só deveria existir eu, só tem espaço para mim e meu masoquismo aqui. Ele agora olha fixamente pra meus pulsos cortados, sua expressão é de dor. A minha também, só que agora eu sangrava por dentro, isso fugia do meu controle.
- Não pode fazer isso- ele disse.
Eu quis falar. Quis gritar com ele, mas minha voz não saía, ela estava presa na minha dor. E ele continuava a falar.
- Eu queria que você soubesse de uma coisa- ele falava olhando pro chão.
Eu queria mandar ele sair daqui, mas ao mesmo tempo queria beijá-lo. Eu queria dizer tudo o que ele tinha me causado. Eu abria a boca, eu falava, mas o som não saía. Uma lágrima desceu. Não, isso não era possível antes. Porque ele apareceu aqui, justo aqui.
- Eu preciso te dizer, que eu- ele continuava a falar, mas sua voz ia ficando cada vez mais fraca- te amo- saiu num sussurro.
Eu podia ouvir muitas vozes agora, alguém gritava ao longe. Alguém me sacudia forte, e uma voz em meu ouvido dizia:
- Sophia, precisa acordar.
Eu havia voltado ao lugar onde eu fiquei. 

55ª edição conto/história

15 comentários:

  1. Nossa Jaynne muito forte :O
    Mas lindíssimo *-*
    Acho que muitas pessoas irão se identificar com alguma coisa, assim como eu :/


    beijão e boa sorte no BLQ *-*

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  2. passei pra dizer que tem selinho pra vc aqui → http://juliane-bastos.blogspot.com/p/selos.html

    beijo ♥

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  3. Seus textos sempre marcam de alguma forma. Parecem uma escrita em brasa, e que arde, mas ainda assim não consigo parar de lê-las, porque elas afagam a pele ferida ao mesmo tempo.
    E esse texto está cheio dessas palavras. Cheio de emoções fortes e que ecoam em mim agora.

    Beijo grande.

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  4. Que lindo.Esse texto realmente está bem escrito.
    Gosto muito de vir aqui.
    Sempre leio bons textos.
    Beijo ;*

    http://truthsofaheart.blogspot.com/

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  5. De toda forma, quebrar algumas barreiras existentes entre a gente e o mundo que vivemos é uma maneira legal de decifrar todos os nosso medos, as nossas angustias e tristezas de uma forma muito boa. Creio eu, que a vida sem lutas não é nada.

    Eu gostei muito também dos seus textos e venho me identificando com vários deles. COnsigo tirar ideias fantásticas sobre a realidade, sociedade e até mesmo, meus sentimentos.. estou também a seguir. Te agradeço pelas belas palavras em meu blog e espero que sempre passe por lá. Um grande beijo, boa semana!

    Pedro

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  6. " Só que agora eu sangrava por dentro ". Simplesmente incrível, a forma como escreve, realmente envolve o leitor. Uma garota que tenta refugiar toda a sua dor, num simples corte no pulso, ah, como isso alivia, serve para matar o que não conseguimos matar dentro de nós.

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  7. Sua escrita é muito boa , adorei o texto , não li todo e nem precisei , porque sei que seu texto é esplêndido só de cara . adorei , você está de parabéns , seu blog também é lindo e sabe questionar . um beijo ;*
    http://suummerlove.blogspot.com/

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  8. Texto muito bom mesmo, adorei seu blog, tudo que li por aqui foi de meu agrado, prbens de verdad
    te seguindo!

    Dá uma passada no meu tbm
    http://essenciaego.blogspot.com/

    bjoo

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  9. muito bonito teu blog!Parabéns!Estarei aqui mais vezes!
    E sinta-se muito bem vinda lá no meu OLHAR, onde só vale se OLHAR DENTRO DOS OLHOS !

    beijos,

    Bia

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  10. Super lindo Jaynne. Triste, causa uma dor na gente. O final é perfeito, você escreve muito bem! Um beijo linda ;*


    Me visite também: http://railmamedeiros.blogspot.com/

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  11. Nossa, que forte, quanta dor D:
    Acho que sempre há algo bom no qual possamos nos prender para não chegar a esse ponto, né? Só precisamos saber procurar.
    Bgs ;*

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  12. Oi Jaynne, tudo bem?
    Puxa garota, cada vez melhor! Vou citar duas expressões tuas: "vermelho e tão familiar", "floresta escura", nossa! plenas de significado! Isso é literatura Jaynne, quando amplia o significado, expressões que se projetam. Maravilhoso! E quando a gente não diz tudo, nunca deve dizer tudo, o leitor tem que completar. Capricha nessas expressões! Ah! E já começaram as aulas? Quero saber! Boa sorte!!!
    Muito obrigada pela tua presença, a opinião de estudantes para mim, é mais importante que a opinião de muito letrado por ai!
    Beijossss!!!!
    http://anaceciliaromeu.blogspot.com

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