Olho-me no espelho, como se isso fosse mudar quem sou. Como se
todos aqueles que viraram as costas fossem olhar de voltar e pedir que eu
segurasse em sua mão. Por muitas vezes esperei por uma mão, e só tive a minha
própria, suando de medo e trêmulas de tanta insegurança.
Mas hoje eu sei quem sou, e de quem posso fingir ser. Bonecas
de porcelana se racham se caem ao chão, mas eu nunca fui uma boneca de
porcelana, eu nunca fui aquele rostinho meigo, nem olhos assombrados. Na verdade,
eu nunca fui a garota frágil que perseguia seus sonhos mais íntimos.
E eu não me importarei se você arder em revolta ao ler essas
palavras, porque você nunca teve coragem de abraçar e tocar a boneca de
porcelana, talvez eu parecesse surreal demais para você. Pois eu estou aqui
agora, gritando quem realmente sou, com meus ensaguentados defeitos que você
nunca enxergou. Estou jogando-os em sua cara, então veja-os. Você poderia ter
me tocado, me beijado, me abraçado... Eu não iria quebrar. Mas você sonhou
demais, teve medo demais e agora estou fora de seu alcance, eu aprendi a
segurar minhas próprias mãos.
Despejando palavras...