Meu coração te esquece. Você finge não entender e ignora. Seu coração chora e o meu escuta os soluços intermináveis desse choro, mas em nada se abala. Ele assiste o drama de lágrimas inacabadas que escorregam lentas sobre o tecido vermelho pulsante. O seu pulsa triste, o meu com frieza.
Sua tristeza questiona meu gelo. Você não sabe, mas meu coração não é de pedra. É certo que ele te esquece e se isola. Mas, algo pra ser esquecido, um dia há de ter sido lembrado. É um tanto confuso, eu sei.
Perfurei seus olhos e defasei sua alma. Menti. Derramei no seu amor o desamor de um coração que te ama. Dei passos falsos por caminhos tortos. Não olhei em seus olhos, fechei os meus. Fiz-te sangrar. Sua cabeça baixa, minhas costas viradas. Seus sonhos, minha realidade. Teu eu cheio de mim, meu eu sem você.
Tuas águas salgadas a rolarem escondido pela face, meu nó na garganta por não me importar. Seus gritos, meu silêncio. Seus olhos de raiva sobre os meus; meus olhos de culpa sobre os seus. Nossos olhares. Minha boca a induzir falsas palavras, seus ouvidos enganados ao acreditar. Mas, era uma mentira verdadeira, porque eu acreditei nela.
Você se aproxima, eu me afasto. Você fica mudo, mas eu não me calo. Você se vira, diz que vai embora. Eu me encosto; você me ignora. Eu te encaro, você resiste. Eu te abraço; você desiste. Meu desamor enfim lembrou-se de você, lembrou que te ama...