segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Um pedido;

Lucas,

Hoje te escrevo pra te fazer um pedido. 

Sabe aquelas noites em que você vinha me ver, andando distraído pela rua e sorrindo por que sabia que eu te olhava da janela, eu te peço que esqueça. Lembra de quando andávamos de mãos dadas ao por do sol pela mesma praia, onde quase morri afogada, até suas mãos encostarem-se a mim, bem... Naquele dia eu pediria pra você não chegar perto, mas hoje te peço somente que esqueça.
E no dia em que você me ligou, pedindo pra eu abrir a porta, pois você vinha com aquele buquê com as flores que eu mais amo e que eu chorando disse que te amo, por favor, apague isso de sua memória. Tinha também aquele ritual de domingo, onde fechávamos os olhos e fazíamos um pedido, você sempre pedia a mesma coisa: “Quero pelo resto da minha vida, sentir o calor de seu corpo e o invadir suave de seu beijo.” Hoje nesse domingo, peço que você esqueça todas essas palavras.
E naquela tarde, onde uma tempestade impediu nossos planos de acampar, e morrendo de raiva você saiu correndo feito um doido pela chuva e depois me chamou pra dançar já mais calmo. Você fez chocolate quente pra mim, ainda naquela tarde e pegou um cobertor, pra nos aquecer do frio. Eu suplico a você que esqueça isso também.
E no sábado do mês de fevereiro, em que você estava do meu lado no ônibus, porque eu iria pra outra cidade para tratar meu câncer, que nos causou tanta dor, todas aquelas histórias que você contou no caminho pra me ver sorrir, esqueça-as.
Esqueça também a boa noticia de que o câncer havia sido derrotado, como eu me lembro desse dia, você me abraçou tão forte. Você chorou! Você se ajoelhou diante do médico, querendo agradecer, mas não achou palavras. E eu também chorei, mas não pelo mesmo motivo. Você não sabia a dor que eu estava sentindo naquele momento, era pior do que o próprio câncer, que foi mais forte que eu.
Sim, eu menti pra você meu amor. Não sabe o quanto isso me matou nesses seis meses em que ficamos juntos. Mas eu não suportaria te dar essa noticia. Não, eu não conseguiria. Você foi meu tudo durante esse tempo, e o que eu iria fazer se meu tudo estivesse triste nos meus últimos meses?
Por isso, eu só posso te fazer um pedido: Esqueça-me, para que eu possa ir, para que eu possa partir...

P.S: Só não esqueça que um dia existiu um coração que te amou mais do que a ele mesmo! 
                                 
                                                                                                Sophia.


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Insônia


Sete da noite e ela já na cama, tentativa em vão de uma noite tranquila. Roupas no chão, casa vazia. Súbitas lembranças chegam a cabeça, lágrimas no rosto. E ela começa a despejar em seus ouvidos, aquelas músicas novamente.
Início de dia, pálpebras fechadas e ela sem força de abri-las. Noite sombria, corpo cansado, maldita insônia! Ás vezes ela se perguntava, como havia chegado aquele ponto. Em todas as hipóteses, ela sempre se culpava. Mal sabia de sua total inocência nesse crime, que só a ela machucou.
Senta-se na cama, ainda tomada de um medo absoluto de abrir os olhos. Há tempos já não se olha mais no espelho. Há muito tempo já não sai mais de casa.
Cansou de ouvir de seu próprio eco que vai mudar. Depositou sua esperança em suas próprias mentiras. Se perdeu dentro de si mesma, de seu mundo fechado e sombrio. 
Telefone toca e ela nem cogita a possibilidade de atender. Imagina ser um de seus amigos, que ela á tempos já perdeu o contato.
Ao som insuportável do telefone ela se levanta, lava o rosto. Logo a cima seu inimigo mortal. Aos poucos, tomada por um surto de coragem, decide enfrentar a si mesma. Ela se olha no espelho.
Tão sincero, tão realista. Ela sempre o evitava, porque fugia da verdade o tempo todo.
Hoje ele mostrava as marcas das noites mal dormidas. E ela já não se reconhecia mais. Sabia desde o início o risco que corria, sendo um passarinho frágil na boca de um leão, mas mesmo assim o leão a encantou!


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Amanhã...


Eu vi o que mais ninguém viu...
Eu me vi indo embora de mim mesma, partindo!
Eu fui pro amanhã, e nele nada existe, nada...
No amanhã sonhos são passados da noite de ontém e não podem ser realizados.
No amanhã esqueço quem sou, por que quem sou ficou no ontém que não vive!
No amanhã não existe medo, mas também nunca existirá coragem.
Nele não somos o que queremos ser e muito menos o que realmente somos...
No amanhã somos o nosso resto que jogamos fora ao ir empurrando com a barriga.
Lá está eu no amanhã, no pior lugar que pode existir, eu empurrei meus restos pra lá...
Como buscá-los? Eu ainda tento saber... Eu ainda procuro os meus restos, para continuar-me por inteira...
Para que eu possa ver, dessa vez para que todo mundo possa ver, que o que deve ser feito, deve ser feito hoje... AGORA!
Por que no hoje podemos sonhar e realizar...
Por que no hoje somos por completo o que realmente somos e o que queremos ser....
No hoje as palavras são ouvidas e duram no amanhã!
No hoje existe medo, mas também existe coragem suficiente para combatê-lo!
No hoje eu me encontro e nunca mais me perco!

Eu?

Eu? Um mistério pra mim mesma... Pra você eu não sei!
Fórmulas na realidade só existem em ciências exatas,
Na vida tudo é o oposto do que planejamos, do que definimos.
 Não somos a biografia de um livro, porque não cabemos no mesmo;
Não somos o que dizemos ser, porque um dia mudamos;
Não somos limitados, porque pensamos;
Não somos fórmulas prontas, porque continuamente erramos.
Então quem somos?

Eu gostava;

Eu gostava... Do meu jeito de antes;
Dos gestos simples que eu desenvolvia com facilidade
E que hoje já não são fáceis... Perdi!
Eu gostava... Do jeito que meus amigos me olhavam antes;
De como era inocente a nossa convivência e olhares
E que hoje seus olhos passaram a me ver como adultos!
Eu gostava... Do meu mundo de antes;
Sem medo, sem rejeição... Um mundo mágico
E que hoje, descobrir não ser nada do que era antes!
Eu gostava... Do jeito dos meus amigos;
Dos gestos simples que eles desenvolviam com facilidade
E que hoje não são fáceis pra eles... Perderam!
Eu gostava... Do jeito em que eu olhava pra eles;
De como era inocente a nossa convivência e olhares
E que hoje meus olhos passaram a vê-los como adultos!
E hoje já não posso voltar o ponteiro do relógio...

Abra os olhos...


Quando você me vir

perfeita
Quando tudo parecer está se encaixado em seu lugar…
Abra os olhos.
Se algum dia eu tornar-me o que você queria,
E se eu não questionar…
Abra os olhos.
Se parecer que aceitei facilmente a mudança.
Que a tudo que foi pedido eu disse um sim,
Abra os olhos.
Não posso ser algo que você imagina.
Não posso ser a sua ficção, os seus desejos.
A única coisa que posso ser de verdade sou eu mesma.
Eu com meus defeitos e minhas qualidades.
Eu que um dia apareceu em sua vida.
Quando você me vê assim, com todos os meus defeitos…
Feche os olhos e sonhe com a realidade que você acabou
De enxergar.

Ironia




 
Na sombra dos dias que me perseguem, 
eu ainda procuro uma forma de usar as minhas palavras,
sem que a ironia as visite.
E eu tento fazer com que elas cheguem a seus ouvidos,
do jeito que no princípio elas me pertenciam,
mesmo que não sejam tão somente minhas,
Pois era você o porto de inspiração.
E não se assuste quando algumas dessas palavras
chegarem amargas,
nem sempre é fácil adoçá-las 
quando a ironia as persegue.
E você sabe disso!
Irônico seria se eu ainda não te pertencesse.
E seria irônico ainda, se eu também fosse sua.
Mas o que mais posso dizer?
Á não ser essas palavras,
antes tão cobertas de IRONIA!